sinopses dos vídeos


Programa 1: Reconstruções



David & Gustav
Maurício Dias e Walter Riedweg
 2005, DVD, Inglaterra, 13’28
Cortesia dos artistas [Livre]
David Medalla e Gustav Metzger são dois artistas imigrantes residentes em Londres. O primeiro, nascido nas Filipinas, estabeleceu um padrão de vida nômade e admite sentir-se em casa em qualquer lugar do mundo. O segundo, de família judaica polonesa, é seu contraponto. Sobrevivente do nazismo, Metzger fala da relação traumática com sua situação de exilado político.




The Empirical Effect
Rosa Barba
 2009, Blu-ray, Itália, 20’
Cortesia da artista, carlier | gebauer, Berlim e Gió Marconi, Milão [Livre]
The Empirical Effect é um retrato bastante realista de lugares que circundam o Vesúvio e a “zona vermelha”. Esse alto nível de realismo vem de informações extraídas de fatos históricos, que são porém reconfiguradas e interpretadas para dar um novo significado à história do lugar. A evacuação de um vilarejo como uma espécie deperformance é o cenário desta ficção, que se entrelaça a materiais históricos e privados sobre as “casas de proteção” e age como metáfora do livre pensamento que produz verdadeiras esculturas. Uma comunidade que deixa seu contexto original e é inserida em um novo ambiente, revelando aspectos inexplorados de sua existência. Essa mistura de documentário e ficção cria uma jornada ambígua em direção a um destino que tem como missão secreta uma utopia.




Ghost City
Alexander Apóstol 2006, DVD, Venezuela, 23’
Cortesia do artista [Inadequado para menores de 14 anos]
Ghost City apresenta o testemunho de doze moradores de Caracas de diferentes bairros, idades e setores sociais, que contam, na privacidade de suas casas, seus pesadelos e histórias inexplicáveis repletas de fantasmas e espíritos, compartilhando o mesmo medo do desconhecido. São estranhos contos que podem ser vistos como metáforas de uma cidade (Caracas) e um país (Venezuela) onde o medo ocupa um lugar central na vida cotidiana.




A Necessary Music
Beatrice Gibson
2008, Blu-ray, Inglaterra, 29’
Cortesia da artista e LUX, Londres [Livre]
A Necessary Music é um filme de ficção científica sobre as habitações populares modernas. Concebido musicalmente e com referências às óperas em vídeo de Robert Ashley, o filme trabalha o imaginário social de uma paisagem utópica a partir da atenção dirigida às vozes que nela habitam. Ao tratar o meio fílmico como uma proposta tanto musical quanto de produção coletiva, A Necessary Musictransforma moradores da Roosevelt Island, em Nova York, em autores e atores, reunindo textos escritos por eles e usando esses textos para construir o roteiro. O filme faz da ficção uma ferramenta para contextualizar e estimular seu local de realização. Foram escolhidos dezessete moradores para interpretar as falas, acompanhados por uma narração retirada do romance de ficção científica A invenção de Morel, de Adolfo Bioy Casares, publicado em 1941. Passando conscientemente de uma tentativa de realismo para uma narrativa imaginada, o que começa como um processo preocupado com a sociabilidade torna-se uma ficção etnográfica sobre um lugar e uma comunidade, bem como uma investigação sobre a representação em si. Um projeto da artista Beatrice Gibson com o compositor Alex Waterman.



Programa 2: Habitats poéticos



Secret Strike Lleida “5 minuts thinking about herself”
Alicia Framis
2005, DVD, Espanha, 3’45
Cortesia da artista [Livre]
Os passos em uma faixa de pedestres se detêm. Transeuntes param ao atravessar as linhas brancas. Alicia Framis organizou uma “greve secreta” em 25 de novembro de 2005 para celebrar o Dia Internacional contra a Violência de Gênero, na cidade espanhola de Lérida. Cem mulheres com luvas vermelhas interromperam o trânsito em uma faixa de pedestres em protesto diante da falta de ação institucional no combate à violência doméstica.




Podwórka
Sharon Lockhart
2009, Blu-ray, EUA/Polônia, 31’
Cortesia da artista e Arsenal, Berlim [Livre]
Podwórka tem como tema central os pátios de Lodz, na Polônia, e as crianças que moram nos prédios ao redor e utilizam esses espaços como áreas de recreação. Esses pátios são um elemento típico da arquitetura de Lodz e estão em todos os lugares. Feito como uma série de breves interlúdios dentro da cidade, Podwórka é o estudo de um lugar específico e o resgate da inventividade infantil.




Parc Central [série]
Dominique Gonzalez-Foerster
2006, DVD, França, 45’
Cortesia da artista e Esther Schipper, Berlim [Livre]
Reunião de 11 retratos poéticos de lugares e cidades visitadas pela artista Dominique Gonzalez-Foerster. As representações vão desde a revisitação de uma cena de Vive l’Amour, de Tsai Ming-Liang, à uma manifestação com papéis picados em Buenos Aires; de uma reflexão sobre as qualidades fílmicas de Brasília ao registro dos observadores do eclipse de 1999 em Paris. A trilha sonora é composta de um sensível equilíbrio entre o som dos ambientes e canções cuidadosamente escolhidas.



Programa 3: Melodias visuais



Quarta-feira de cinzas / Epílogo
Cao Guimarães e Rivane Neuenschwander
2006, Blu-ray, Brasil, 5’48
Cortesia dos artistas [Livre]

Último dia de Carnaval, a Quarta-feira de Cinzas é o epílogo de quatro dias de comemoração. Nesse filme, formigas transportam pedaços de papel colorido, fazendo alusão aos confetes, que são usados no Brasil apenas durante a festa. A trilha sonora, composta pelo duo O Grivo, relaciona-se com o Carnaval em diversos níveis. Utiliza elementos de samba em sua estrutura rítmica e melódica, baseando-se especialmente na canção “Me deixa em paz”, de Monsueto e Ayrton Amorim. Composta digitalmente, a trilha mistura dois elementos: ruído ambiente capturado durante a filmagem do vídeo e som de palitos de fósforos caindo no chão.




The Louder You Scream, the Faster We Go
Phil Collins
2005, DVD, Inglaterra, 9’50
Cortesia Shady Lane Productions e Tanya Bonakdar Gallery, Nova York 
[Inadequado para menores de 16 anos]
The Louder You Scream, the Faster We Go foi produzido como um projeto de arte pública na cidade de Bristol, Inglaterra. Lá Collins montou uma companhia temporária de vídeo e pediu que músicos independentes locais enviassem suas demos. Ele escolheu três bandas e usou as canções para fazer três vídeos promocionais. As bandas não tiveram nenhuma influência no processo criativo, mas receberam uma cópia final para usarem como quisessem. Filmados durante um festival de música, numa aula de balé para senhoras de meia-idade e numa produtora de filmes pornográficos, os vídeos são uma homenagem de Collins à era heróica dos primeiros vídeos pop. Mantendo-se fiéis ao rigor formal e inabalável da música pop como um forte indicativo de integração e diferenciação, os vídeos estão impregnados da mistura típica de Collins: uma emoção inquietante com uma exploração sutil.




Le Clash
Anri Sala
2010, Blu-ray, França, 8’31
Cortesia do artista e Johnen Galerie, Berlim [Livre]
De dentro de um edifício com fachada ladrilhada, que já foi bastante influente na música rock e punk, ouve-se um trecho da canção Should I Stay or Should I Go. Girando o cilindro de um realejo, dois músicos passam pela casa de shows abandonada. O som do órgão e do canto é sincronizado com o trecho que ressoa, sugerindo um efeito em estéreo. Um homem caminha com uma caixa de sapatos debaixo do braço. Ouvindo distraidamente, ele gira uma corda e uma versão diferente da mesma música começa a tocar. Quando as melodias distintas se juntam, surge uma sensação de deslocamento da realidade, salientando duas rememorações diferentes de uma canção punk. Elas trazem para o presente a melodia da canção.




Musical
Dara Friedman
2007-2008, Blu-ray, EUA, 48’
Cortesia da artista e Gavin Brown’s Enterprise, Nova York [Livre]
Musical é a orquestração de sessenta apresentações musicais realizadas pelo Public Art Fund nas ruas da região de Midtown Manhattan no segundo semestre de 2008. Durante três semanas, Friedman pediu que nova-iorquinos comuns começassem a cantar de repente nas esquinas da cidade, em cafés, museus e estações de metrô. O filme de Friedman reúne esses acontecimentos distintos e cria um musical irregular, alternando momentos de extrema diversão e situações de devastadora tristeza.



Programa 4: Detetives de imagens



What I'm Looking For
Shelly Silver
2004, DVD, EUA, 15’
Cortesia da artista [Inadequado para menores de 16 anos]
Com o intuito de fotografar momentos de intimidade, uma mulher publica em um site de relacionamentos: “Procuro pessoas que queiram ser fotografadas em público revelando algo de si mesmas.” What I’m Looking For é o registro dessa aventura. As conexões formadas nessa interseção entre o virtual e o espaço público real. Uma reflexão sobre a natureza da fotografia e a persistência da visão. Um conto de desejo e controle.




Unfinished
Sophie Calle em colaboração com Fabio Balducci
2005, DVD, França, 30’14
Cortesia dos artistas e Electronic Arts Intermix (EAI), Nova York [Livre]
Ao receber uma série de fotografias feitas por uma câmera de segurança de um caixa eletrônico, Calle envolveu-se numa investigação desconcertante, que durou quinze anos. Depois de conseguir três fitas com gravações de câmeras de segurança, usou as imagens para interagir com estranhos, bancários e com o dono de uma casa de penhores, tudo na tentativa de esclarecer o significado do dinheiro, da segurança e das fotografias anônimas. As imagens, originalmente exibidas em uma instalação chamada Cash Machine, agora são apresentadas como a narrativa central nesta investigação ainda sem solução.




Lovely Andrea
Hito Steyerl
2007, DVD, Japão, 30’
Cortesia da artista e Sixpack Film, Viena [Inadequado para menores de 16 anos]
Lovely Andrea relata a busca por uma fotografia tirada em Tóquio em 1987. A foto, uma imagem de bondage ao estilo nawa-shibari, mostra a artista seminua, amarrada e suspensa no ar. Atualmente, o bondage japonês é um subgênero da pornografia. Mas ele nasceu nas artes marciais, sendo o hojojutsu o ato de usar a corda para capturar, transportar e torturar criminosos. Sendo um ato estético desde o início, foi somente no final do século XIX e no início do século XX que adquiriu uma dimensão erótica e sensual. “Mas em um contexto mais amplo, o bondage existe em todos os lugares”, declara o vídeo em determinado momento. Ao associar desejo e bondage, submissão voluntária e servidão, dependência, redes, cumplicidade e grupos fechados, Steyerl cria um jogo polissêmico de pensamento: Quem puxa as cordas? Quem são as marionetes? Como as coisas se relacionam com as imagens? O bondage em Lovely Andrea é uma metáfora universal.